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Máscara evita casos e mortes mesmo com 90% da população vacinada

Cidades como Rio de Janeiro e Brasília já derrubaram a obrigatoriedade do uso de máscaras tanto em locais abertos quanto fechados. O estado de São Paulo já liberou sua população de usar o item de proteção ao ar livre. As decisões estão sendo pautadas no índice de vacinação e na queda dos índices de contaminação, afirmam estados e municípios.

No entanto, a ciência mostra que o uso de máscara é essencial para controlar a transmissão do coronavírus e pode salvar vidas mesmo em locais com uma elevada cobertura vacinal contra a Covid-19.

Pesquisadores da Universidade de Nova York simularam por meio de um modelo computacional diferentes cenários do impacto do uso de máscaras tendo como base a população americana e a transmissão do coronavírus.

As simulações incluíam previsões dos resultados para pessoas que usavam ou não máscara facial considerando momentos em que a cobertura vacinal chegasse a 70%80% 90% da população.

Os resultados foram publicados recentemente na conceituada revista científica The Lancet Public Health. O estudo mostrou que a vacinação não é, por si só, suficiente para controlar a pandemia.

Múltiplas intervenções foram necessárias para prevenir a transmissão da Covid-19, assim como as mortes causadas por ela.

Segundo os pesquisadores, o ideal seria que a população continuasse a usar máscaras de 2 a 10 semanas após a região alcançar pelo menos 70% da cobertura vacinal completa. O uso da máscara também reduziu a propagação do vírus e evitou mortes quando os cientistas simularam uma cobertura vacinal de 90%.

O declínio da eficácia da vacina como resultado do surgimento de novas variantes do Sars-CoV-2 e o declínio das respostas imunes induzidas pela vacinação ou infecção natural aumentaram o valor do uso de máscaras faciais.

A simulação mostra que se os EUA alcançassem 80% de cobertura vacinal até março de 2022, o uso contínuo de máscaras evitaria 6,29 milhões de casos, 138.600 hospitalizações e 16.100 mortes. Além disso, o país economizaria mais de US$ 15 bilhões com hospitalizações e tratamentos. Se a cobertura fosse de 70%, essa economia seria de mais de US$ 20 bilhões.

E o uso da máscara se mostrou ainda mais importante quando os índices de vacinação elevados demoram a ser atingidos. Se a cobertura de 80% fosse alcançada apenas em julho de 2022, o resultado seria a redução de 8,57 milhões de casos, 200 mil hospitalizações e 23.200 mortes.

“Nosso estudo fornece um forte apoio para a manutenção do uso de máscara facial um tempo após atingir vários níveis finais de cobertura vacinal, uma vez que manter o uso de máscara facial pode ser não uma medida barata, mas também de evitar gastos maiores.

O surgimento da variante Ômicron e a perspectiva de futuras variantes que podem ser mais transmissíveis e reduzir a eficácia da vacina só aumenta o valor das máscaras faciais”, escreveram os pesquisadores no estudo.

Os pesquisadores observam que não é realista presumir que todas as pessoas com Covid-19 permaneceriam isoladas durante toda a fase de infecção. Isso ocorre porque muitas delas não são testadas.

Além disso, indivíduos infectados assintomáticos podem transmitir a doença involuntariamente ou alguns pacientes podem, mesmo cientes do diagnóstico, sair do isolamento antes de terminar a quarentena. Essa situação reforça ainda mais a importância do uso de máscaras faciais para controlar a pandemia.

Os autores recomendam que todos os indivíduos continuem a usar máscaras faciais, independentemente de sua faixa etária ou profissão. O estudo mostra que, quando a eficácia da máscara facial foi aumentada em 10%, foi observada uma redução relativa de 17 a 20% dos casos de Covid-19. Além disso, foi relatada uma redução significativa no número de hospitalizações e mortes causada pela infecção pelo coronavírus.


FolhaPe

 

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