A S10 se moderniza
Picape da Chevrolet se atualiza para encarar rivais cada vez mais sofisticados
por Eduardo Rocha
Auto Press
A disputa no segmento de picapes médias tem escalado nos últimos meses. Há novas gerações de Nissan Frontier e Mitsubishi Triton, a chegada das novatas Fiat Titano e BYD Shark e ainda a atualização da Ford Ranger. Foi nesse ambiente beligerante que a Chevrolet renovou a sua S10 no primeiro semestre de 2024. A marca da GM retrabalhou motor e câmbio, atualizou painel de instrumento e central multimídia e promoveu um face-lift da parte frontal. Além disso, suspensão e direção foram recalibradas e a picape ganhou novos recursos ADAS.
A partir dessas mudanças, as vendas retomaram um bom ritmo, com um acumulado de pouco mais de 27 mil unidades no ano, melhor volume desde 2021. No ranking, a S10 disputa o segundo lugar com a Ranger e ambas ficam bem atrás da líder Toyota Hilux. A briga dessas três percorre todos os subsegmentos: vai desde as versões manuais de cabine simples até as poderosas e caríssimas configurações de cabine dupla e interior recheado de recursos – inclusive ADAS. A versão de topo da S10 é a avaliada High Country, que custa a partir de R$ 324.440, na tabela oficial.
Esta versão traz tudo que a picape pode oferecer. Na parte mecânica, traz o motor 2.8 turbodiesel modificado por conta das normas L8 do Proconve, que passaram a vigorar este ano. Foi nesse sentido que o modelo adotou o novo câmbio automático de oito marchas, que além de reduzir as emissões, fez a S10 ficar mais econômica, com médias na cidade e na estrada de 9,5 e 11,4 km/l, contra 8,4 e 10,4 km/l anteriores.
Além desse ganho em torno de 10%, o novo trem de força melhorou o desempenho geral. A S10 agora dispõe de 207 cv de potência e 52 kgfm torque –era 200 cv e 51 kgfm. Com isso, a aceleração também passou a ser mais eficiente. O zero a 100 km/h caiu de 10,1 para 9,4 segundos, com máxima nos mesmos 180 km/h. Amortecedores foram recalibrados, a suspensão ganhou uma nova geometria e as bitolas foram alargadas. Na parte de tração, a S10 manteve o sistema 4X2 com acoplamento elétrico para 4X4, reduzida e bloqueio do diferencial traseiro.
Na parte visual, as mudanças foram bastante efetivas na frente. Os faróis em led são finos e logo acima há uma linha de led, que faz as funções de luz diurna e assinatura luminosa. A grade tem uma barra cromada que se estende de um lado ao outro, semelhante ao usado na Silverado. O capô foi redesenhado, com uma depressão central que avança até a grade e dois vincos laterais bem marcados. Na traseira, as lanternas agora são divididas em duas seções e ficaram com um desenho mais limpo.
Por dentro, a S10 High Country ganhou um painel digital de 8 polegadas integrado com a tela da central multimídia 11 polegadas. O interior ficou mais refinado, com superfícies macias nas portas e console frontal. Os bancos recebem couro em duas tonalidades e a decoração da cabine tem detalhes em preto brilhante e cromado. O volante traz ajuste de distância e de altura e os bancos foram redesenhados para dar maior apoio ao corpo.
A parte de segurança da S10 recebeu itens como faróis em led, alertas de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro e farol alto automático. Esses recursos se somam aos já existentes alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, monitor de faixa, controle de estabilidade e tração e seis airbags. Já entre itens de conforto, a S10 ganhou chave presencial para travas, partida do motor remota e tampa traseira com trava elétrica e sistema de alívio de peso.
Esses recursos se juntam a direção, travas, espelhos e vidros elétricos, ar-condicionado automático, banco elétricos para o motorista, controle de cruzeiro, sensores de chuva, de luz e de obstáculos dianteiros e traseiros, câmera de ré e rodas de liga leve aro 18. A central multimídia oferece wi-fi 4G com roteador para até sete aparelhos e espelhamento sem fio por Apple CarPlay e Android Auto (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – Com o retrabalho, o motor 2.8 litros turbodiesel ganhou em potência e eficiência, com melhora sensível em arrancadas e retomadas. Com torque máximo a 2 mil rpm, a S10 transitar bem em baixas velocidades, como é exigido no off-road. O motor Duramax se entende perfeitamente com o novo câmbio de oito marchas. O conjunto trabalha de forma extremamente suave. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão ganhou geometria e calibragem novas, que melhoraram a harmonia entre dianteira e traseira e o conforto de rodagem. Mesmo macia e com curso longo, como é preciso para estradas mais esburacadas, ela absorve muito bem os impactos e tem um bom controle de carroceria, que deixou a picape mais neutra mesmo em velocidades altas. Nota 8.
Interatividade – A S10 ganhou painel digital configurável e tela de 11 polegadas para a central multimídia, que chamam a atenção logo que se entra na picape. Foram adicionados recursos de segurança como alerta de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro, que se somaram a alerta de colisão com frenagem automática e monitoramento de faixa. Só faltou o controle de cruzeiro adaptativo. O modelo conta ainda com volante multifuncional, câmera de ré e sensores dianteiros e traseiros. É um arsenal que está se tornando obrigatório para um modelo topo de linha. Nota 8.
Consumo – Na aferição do InMetro para o Programa de Etiquetagem do InMetro, a S10 High Country teve médias de 9,5 e 11,4 km/l na cidade e na estrada, contra 8,4 e 10,4 obtido na linha 2024. Os novos índices melhoraram bastante a nota na categoria, de D para B, e no geral de E para D. Nota 7.
Conforto –A picape da Chevrolet tem uma rodagem macia e silenciosa. O espaço interno é bom, mas a ergonomia do encosto traseiro é ruim, forçando uma postura pouco relaxada dos ocupantes. É um veículo multiuso, bem talhado para longa viagens, tanto no asfalto quanto na terra. A suspensão filtra as irregularidades e minimiza os solavancos e a direção ganhou mais precisão. Nota 8.
Tecnologia – A S10 foi atualizada de forma intensa, tanto em suspensão quanto na tecnologia e na motorização. Ganhou também painel digital interativo e uma tela de 11 polegadas na central multimídia, que se juntaram aos diversos itens de conforto já existentes. Nota 8.
Habitabilidade – O acesso ao habitáculo é favorecido pelas grandes portas, mas é preciso recorrer aos estribos para enfrentar a grande altura da picape – que conta com alças de apoio até para o motorista. A caçamba é muito grande e caso não seja usada para trabalho, é aconselhável ter um divisor para que os objetos ali não fiquem sambando de um lado para outro. Com a capota marítima e a tampa com trava elétrica, fica mais seguro usar a área de carga como bagageiro. Nota 8.
Acabamento – A S10 High Country consegue a resistência de um carro que trafega no off-road com o requinte de um topo de linha. Ela traz revestimento em couro nos bancos, portas e console frontal, detalhes bem cuidados, materiais de boa qualidade e uma construção sólida. Tudo para suavizar uma rotina mais exigente. Nota 9.
Design – O novo design frontal traz a mesma linguagem visual da Silverado, com muito cromado e aparência bem robusta. O resultado foi um visual moderno e sofisticado. Nota 8.
Custo/benefício – O S10 High Country custa R$ 324.440 na tabela oficial. Esse valor é R$ 6 mil abaixo ao da Ranger Limited e R$ 20 mil a menos que o da Toyota Hilux SRX Plus. Em relação a conteúdo, estas rivais se equivalem. Já em potência, a S10 é semelhante à Hilux, enquanto a Ranger é a mais potente. Por outro lado, a picape da Ford é beberrona, enquanto a S10 é a mais eficiente. Nota 7.
Total – A Chevrolet S10 High Country 2025 somou 80 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Refinamento geral
A S10 2025 recebeu no ano passado por uma nova atualização bastante efetiva. A ideia foi dar competitividade ao modelo, para garantir sobrevida ao modelo de segunda geração, que já tem 12 anos de mercado. A decisão da General Motors foi trazer alguns recursos apresentados em 2022 na terceira geração da Chevrolet Colorado, modelo gêmeo da picape feita em São Caetano do Sul. As melhorias são notáveis. O trem de força ficou mais potente e econômico, a suspensão foi refinada, os recursos tecnológicos e de conforto foram aprimorados e o acabamento ficou mais caprichado. Essas duas últimas característica ficam bem explícitas na configuração High Country.
A versão de topo traz adição de recursos de assistência à condução, como alertas de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro, farol alto automático, que se juntam a monitoramento de faixa, alerta de colisão e frenagem autônoma. Na parte de tecnologia, ganhou um chamativo console com telas geminadas para o painel e a central multimídia e iluminação em led. Em relação ao conforto, ganhou também chave presencial para travas e ignição, partida remota na chave e volante com ajustes telescópico e de altura. Em relação ao acabamento, o revestimento em couro sintético de boa qualidade, áreas de toque e console frontal com superfícies macias e uma decoração muito elegante.
Tudo isso faz parte da função de um modelo topo de gama que tenta justificar o preço acima de R$ 300 mil. Por outro lado, a evolução da parte dinâmica tem mais a ver com as normas de emissões que propriamente uma necessidade. Os 200 cv e 51 kgfm da linha 2024 já eram mais que suficientes para animar bem a S10. Mas como tinham mesmo que mexer no trem de força, a engenharia tirou proveito do novo câmbio de oito velocidades para melhorar o desempenho. A elevação para 207 cv e 52 kgfm alterou ligeiramente o comportamento dinâmico, mas foi muito importante em eficiência – a S10 ficou cerca de 10% mais econômica.
Por fim, as mudanças na suspensão focaram na melhora da estabilização da carroceria, principalmente em velocidades de estrada, com maior controle de flutuação, sem prejudicar uma característica consagrada da S10, que é a maciez de rodagem. O resultado é que a picape permaneceu com uma rodagem extremamente confortável e suave. Como o curso da suspensão e a capacidade de torção continuam amplas, a capacidade off-road também se manteve. Ainda mais por contar com tração 4X4, reduzida e bloqueio de diferencial traseiro. Onde a picape se sente mais à vontade é mesmo na estrada, seja asfalto, seja terra. As dimensões exageradas – são 5,41 metros de comprimento – tornam o ambiente urbano bastante limitante. E a futura S10, que só deve chegar em três ou quatro anos, será ainda maior. Mais um motivo para que a GM tenha se decidido a atualizar em vez de trocar de geração.
Ficha técnica
Chevrolet S10 High Country
Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 2.776 cm³, turbinado com intercooler, com quatro cilindros em linha e 16 válvulas e injeção direta de combustível.
Potência máxima: 207 cv a 3.600 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 9,4 segundos.
Torque máximo: 52 kgfm a 1.600 rpm.
Diâmetro e curso: 94 mm X 100 mm. Taxa de compressão: 16,5:1
Transmissão: Câmbio automático de oito marchas à frente e uma a ré. Possui controle de tração. Tração 4X2 com 4X4 e 4X4 com reduzida, controlada por seletor eletrônico rotatório.
Velocidade máxima: 180 km/h.
Suspensão: Dianteira independente com braços articulados, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados. Traseira com barra de torção com molas semielípticas e amortecedores hidráulicos e pressurizados. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 265/60 R18.
Freios: Dianteiros por discos ventilados e traseiros a tambor. ABS com EBD de série.
Carroceria: Picape cabine dupla montada sobre longarinas com quatro portas e sete lugares. Com 5,41 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,83 m de altura e 3,10 m de distância entre-eixos.
Peso: 2.106 kg.
Capacidade da caçamba: 1.061 litros.
Capacidade de carga: 1.044 kg.
Tanque de combustível: 76 litros.
Produção: São José dos Campos, Brasil.
Lançamento da geração no Brasil: 2012.
Face-lift: 2024.
Preço: R$ 324.440.
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