Cidades atuantes no mercado do agronegócio brasileiro tiveram redução de 2.352 postos de trabalho

Pelotas (RS) (+822) e Ituporanga (SC) (+793) foram as cidades com as maiores expansões mensais

O mercado de trabalho do agronegócio brasileiro apresentou redução nas contratações em novembro de 2023. Nas 4.666 cidades com movimentação no mercado, 2.352 tiveram queda e 1.997 apresentaram expansão, a exemplo de Pelotas (RS) (+822) e Ituporanga(SC) (+793). Avaliando o ano de 2023, São Paulo (SP) (+3.349) e Lençóis Paulista (SP) (+2.680) foram as principais geradoras. Os dados podem ser acompanhados no Informativo Emprego no Campo, da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Na opinião da economista da FGV Carla Beni, os números preocupam.

“O agro ele demitiu muito no ano passado. Então, nós precisamos parar, pensar e analisar. Como que você pode dar uma estrutura de apoio não para o agroexportador? Esse recebe subsídio, recebe apoio, isenção tributária, esse aparece na mídia. Eu quero saber do pequeno e do médio produtor. Quais são as políticas públicas que você pode fazer para apoiar esse pequeno e médio produtor?”, aponta.

Segundo a CNM, o mercado de trabalho do agronegócio brasileiro encerrou novembro de 2023 com a criação de 191.348 empregos e 218.652 desligamentos, totalizando um saldo negativo de 27.304 postos de trabalho. De acordo com o levantamento, a redução em novembro está relacionada com os desligamentos na cadeia da cana-de-açúcar, álcool e do couro. Somente a agropecuária foi responsável pela perda de 14 mil vagas, seguida pela agroindústria.

Os dados revelam que a região Sul foi a única a apresentar crescimento de empregos no mês, puxada pela produção de maçã e conservas de frutas. As atividades de frigorífico e o comércio atacadista diverso também conseguiram evitar um resultado ainda mais negativo, aponta o levantamento. 

A economista da FGV Carla Beni lembra que esse segmento pequeno e médio do produtor é um grande pulverizador de mão de obra. 

“Ele dá um dinamismo todo de emprego e renda nos pequenos municípios. Então, há que se realmente pensar nesses dados e ver políticas públicas que possam estimular esse pequeno produtor para que ele consiga crescer, melhorar sua produção, para poder escoar a sua mercadoria”, avalia.

O consultor financeiro Luigi Mauri concorda. “Os municípios pequenos são os maiores responsáveis pelo balanço negativo de novembro, especificamente, porque essas culturas da cana de açúcar, do álcool, do couro e da madeira, são basicamente concentradas em municípios pequenos”, reforça.

Necessidade de estabilidade

Para o economista Hugo Garbe, o agronegócio brasileiro precisa de estabilidade para conseguir oferecer mais postos de trabalho. “A gente pode esperar que o cenário econômico continue a ser desafiador para as pequenas localidades e exige também políticas específicas para essas áreas”, salienta.

O especialista ainda acrescenta: “Uma economia volátil, ela afeta diretamente o agronegócio porque influencia nos preços dos produtos e na segurança do emprego. A redução de emprego reflete essa estabilidade, impactando a vida dos trabalhadores e da economia local”, destaca.

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