Pela terceira vez na semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tentará convencer a ala política do governo sobre a necessidade de cortar gastos em áreas sensíveis ao governo. Assim como nas outras reuniões, o ministro ainda deve encontrar um ambiente com ideias antagônicas.
Alguns palacianos avaliam que houve um erro de ‘timing’, já que o assunto voltou a ser discutido em um período sensível para a política, sobretudo para a esquerda, durante o segundo turno das eleições municipais.
Sob reserva, um petista do núcleo duro de Lula nomeia o debate sobre os cortes de “embate”. Segundo ele, seja qual for a decisão o governo vai perder. “O governo sairá apanhando do mercado e da base social de esquerda, seja qual for o resultado”, disse.
Auxiliares de Haddad tratam o pacote de corte de gastos como uma “obsessão” do ministro para dar respaldo ao cumprimento da meta. Técnicos da Fazenda entendem que há um ambiente difícil diante das resistências no governo. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — a quem cabe a decisão final — costuma repetir que programas sociais não são gastos, mas, sim, investimentos.
Ainda não há informações precisas sobre o tamanho do corte, mas fontes do governo indicam veem como inevitável prejuízo à política de valorização do salário mínimo, que poderia resolver as dificuldades sobre o abono salarial e o BPC. Neste momento, o que se discute é a criação de mecanismos para otimizar a revisão de benefícios.
Integrantes do governo avaliam que o pacote deve acabar menor do que o previsto pela equipe econômica. Haddad, que já havia cancelado viagem à Europa anteriormente, decidiu ficar em Brasília para chegar a uma resposta até a próxima segunda-feira (11).
A ala do política do governo também está de olho na reação do Congresso e se incomoda com o que virá na fatura dos parlamentares para aprovar a medida. Lula ainda consultará os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) antes de anunciar o pacote.
Por Tainá Falcão | CNN Brasil