Enfermeira que denunciou importunação sexual cobra agilidade na investigação

A enfermeira e influenciadora digital Maria Emília Barbosa, que denunciou um personal trainer por importunação sexual refletiu sobre a dimensão da violência contra a mulher após ouvir uma série de relatos semelhantes. Ela afirmou que, após tornar público o caso, recebeu mais de 40 mensagens de outras mulheres que dizem ter passado por abusos como o que ela sofreu.

Em entrevista à TV Bahia, ela descreveu o impacto emocional após o episódio e criticou a lentidão no andamento da investigação. “Muito tempo a gente fica se questionando se realmente isso aconteceu, se é coisa da nossa cabeça, até realmente se concretizar um ato”, refletiu.

No caso da enfermeira, o denunciado é o personal trainer Maurício Brasil. Ela contou que recebeu mensagens da família do investigado após tornar o caso público. “A mãe dele entrou em contato comigo pedindo para que eu não falasse sobre ele no meio digital, porque a irmã trabalha com isso e citou até que o pai dele é do órgão judiciário”, afirmou.

Segundo ela, a irmã do personal também teria enviado mensagens ofensivas pelas redes sociais, chamando-a de mentirosa. “Esse foi o único contato que tive da outra parte até então”.

A denúncia foi registrada uma semana após o episódio, e a vítima contou que ainda não foi ouvida pela Polícia Civil. “Infelizmente ainda não teve esse ouvir. Outras vítimas já prestaram depoimento, e ainda assim essa lentidão”.

A enfermeira fez um apelo para que outras mulheres procurem as autoridades. “Todo mundo que já passou por isso e reconhece realmente quem é a pessoa, que não fique só no Instagram. Que tenha coragem e vá até a delegacia denunciar. A gente só vai ter voz se estivermos juntas”, afirmou.

Ela destacou ainda que muitas das mulheres que a procuraram têm medo ou vergonha de revelar o que passou, inclusive para familiares e parceiros. “Tem meninas que nem sequer tiveram coragem de contar aos noivos, aos maridos, aos namorados. Então, o outro lado tem que pensar nas outras famílias antes de acontecer o que aconteceu”.

Procurada pelo g1, a defesa de Maurício Brasil informou que não emitirá nota pública neste momento, “pois todas as manifestações oficiais referentes ao caso serão feitas exclusivamente nos autos, garantindo a seriedade, a integridade da investigação e o respeito ao devido processo legal.”

Relato nas redes sociais

 

Por meio de um vídeo nas redes sociais, Maria Emília relatou que o primeiro contato com o profissional ocorreu em janeiro deste ano, após indicação de uma amiga. Ela negociou a contratação do serviço através de mensagens, e os dois combinaram que haveria divulgação nas redes sociais.

Conforme o relato, a primeira consulta aconteceu em 31 de janeiro, quando, segundo a enfermeira, o profissional exigiu que a avaliação física fosse feita de biquíni, alegando ser a única forma adequada de realizar o procedimento.

Maria Emília afirmou, que durante o atendimento, foi submetida a poses e procedimentos que a deixaram desconfortável, incluindo uma suposta liberação miofacial com aproximação excessiva das partes íntimas.

Ao longo dos 30 dias seguintes, ela disse que seguiu o plano de treinos e retornou para a nova avaliação. Desta vez, recusou o uso de biquíni e optou por roupa de academia, mas disse que o personal insistiu, afirmando ser impossível realizar o procedimento corretamente sem o traje indicado.

Segundo Maria Emília, o comportamento do profissional se tornou ainda mais invasivo. Sem citar o nome dele, ela disse que o homem chegou a “lateralizar” sua peça íntima e fez movimentos de conotação sexual.

“Eu dei um tapa na mão dele e pedi para parar. Foi quando ele pegou minha mão, colocou no órgão genital dele e disse: ‘Veja só como eu fico com você’”, afirmou.

Maria Emília contou que deixou o local imediatamente. Após falar sobre o caso com pessoas próximas, ela falou que descobriu que outras mulheres já haviam vivido situações semelhantes com o mesmo profissional. A enfermeira procurou apoio jurídico e prestou um boletim de ocorrência em março deste ano.

“Eu me senti culpada por ter ficado paralisada, mas hoje sei que isso é uma resposta comum diante da violência. Por isso, decidi falar”, declarou.

Na publicação, Maria Emília ainda incentivou vítimas de violência física, psicológica ou digital a denunciarem e divulgou o contato de seu advogado para apoiar possíveis vítimas.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que apura uma denúncia de importunação sexual sofrida por uma mulher em uma sala comercial no bairro Caminho das Árvores, nos dias 31 de janeiro e 19 de março.

Conforme a PC, a 16ª Delegacia Territorial da Pituba conduz oitivas e outras diligências investigativas, incluindo análise de câmeras de segurança, para esclarecer as circunstâncias do caso.

Em nota, o Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região – Bahia, instaurou os procedimentos administrativos e a Câmara de Julgamento Ético-Disciplinar do CREF13/BA analisará o caso “com o rigor técnico necessário”.

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