Com restrições à circulação, os brasileiros têm feito mais refeições em casa, o que pressionou os preços dos alimentos em um momento de dificuldades financeiras principalmente para as famílias de baixa renda.
Até o dia 24 de abril, diz o Cepea, o indicador de preços do arroz sem casca no Rio Grande do Sul, principal produtor do país, acumula alta mensal de 8,11%. No ano, a valorização é de 13,2% e, em 12 meses, o preço do arroz já sobe quase 30%.
– Como os valores para o produto beneficiado no atacado e no varejo ainda não refletiram a intensidade de altas do produto em casca, é de se esperar que os dados referentes ao mês de abril de 2020 venham com novas reações positivas de preços – afirma o estudo do Cepea divulgado nesta quarta-feira (29).
Isso é, o consumidor pode esperar novos reajustes. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o arroz pesa mais no orçamento de famílias de baixa renda: representa 4% do orçamento de quem ganha até dois salários mínimos, quase o dobro da média da população.
O Cepea diz que, desde março, os consumidores passaram a comprar maiores volumes, o que forçou o varejo a reforçar estoques.
– Em alguns casos, agentes apontaram vendas sendo triplicadas no período, com o atacado e o varejo visando formar estoques – diz o estudo.
Beneficiadores de arroz apontaram ainda problemas logísticos para a entrega do produto em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o que teria elevado os custos do transporte. Como as indústrias desses estados reduziram a produção, dizem, mais caminhões retornam vazios para o Rio Grande do Sul, aumentando o valor do frete.