O mercado de exportação do algodão brasileiro surpreendeu no começo de 2020. Durante os quatro primeiros meses do ano o volume exportado cresceu 84% em comparação com o mesmo período do ano passado, saltando de 386 mil toneladas para 710 mil toneladas, segundo dados do ComexStat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. A receita somou US$ 1,12 bilhão, 70% acima dos US$ 659 milhões de 2019. Para o presidente da Associação Nacional de Exportação de Algodão, Henrique Snitcovski, o aumento do volume exportado se deveu em parte à disputa comercial entre norte-americanos e chineses.
Algodão nas nuvens
Fibra brasileira se torna mais competitiva globalmente e exportações crescem 84%
nos primeiros quatro meses do ano, tendo A China como principal destino
“A China voltou a ser o principal destino das exportações brasileiras de algodão durante os meses de novembro e dezembro de 2019, e janeiro deste ano”, diz. “Em função da disputa comercial entre os dois países, a fibra brasileira ficou mais competitiva comercialmente”.
O resultado das exportações cresceu especialmente em janeiro, mês marcado por um recorde histórico, que somou 309 mil toneladas contra 115 mil toneladas de janeiro de 2019, alta de 168%. Além da briga comercial EUA-China, outro fator que fez com que houvesse o aumento é a queda da produção de algodão dos asiáticos. “A China produz menos do que consome, mesmo sendo o segundo maior produtor mundial de algodão, depois da Índia”, afirma.
De acordo com Snitcovski, esse déficit anual é de cerca de 2 milhões de toneladas. “Mesmo com a pandemia, que provocou uma redução no consumo, a China precisou importar”, destaca.
Para o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e vice-presidente da Associação Brasileira (Abrapa), Júlio Cézar Busato, o crescimento, principalmente no mês de janeiro, foi uma surpresa. “Nem nós acreditávamos que iríamos exportar tanto, o que mostra que temos capacidade de exportação de mais de 3,5 milhões de toneladas por ano”, afirma. O volume exportado atualmente é de cerca de 2 milhões de toneladas. “O Brasil tem plenas condições de exportar mais, só precisa melhorar a logística para isso. Mas nós temos potencial”, observa.
O cotonicultor, que tem mais de 20 anos na área e é um dos sócios-proprietários da fazenda Busato, no oeste da Bahia, pertencente à sua família desde os anos 1980, afirma ver um futuro promissor para quem investe na produção da fibra. “A área vem crescendo ao longo do tempo, e aqui na fazenda utilizamos tecnologia de ponta”, diz. A qualidade também é um dos diferenciais do algodão brasileiro. “Nós temos qualidade e produtividade a nosso favor. Esses pontos fazem com que os agricultores brasileiros estejam conseguindo obter esse crescimento todo”.
Atualmente, o Brasil é o segundo maior exportador mundial de algodão, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, e Snitcovski reforça que o País tem potencial para ser líder na exportação da fibra: “Temos regularidade no fornecimento. O trabalho coordenado feito pelo setor de logística e execução são cruciais para enfrentarmos os gargalos de infraestrutura e, consequentemente, aumentarmos as exportações de algodão”, afirma ele.
Márcio Brito
Designer gráfico DaQui agência Digital e colaborador Mundial fm 91.3
Share on facebook
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on email
SIGA-NOS NAS MÍDIAS SOCIAIS