Os influenciadores digitais Karine Gouveia e o marido, Paulo César Dias, foram presos preventivamente após acusações de deformar pacientes que passaram por procedimentos estéticos na clínica do casal em Goiânia. Os dois são suspeitos de utilizar substâncias proibidas como óleo de silicone e PMMA (silicone industrial), segundo o delegado responsável pela investigação, Daniel Oliveira, da Polícia Civil de Goiás.
“Os procedimentos eram efetuados de forma indevida e com o uso de substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA, além da comercialização ilegal de medicamentos manipulados e substâncias proibidas pela Anvisa”, afirmou o delegado em entrevista ao G1.
A defesa de Karine Gouveia afirmou que a influenciadora nega o uso do óleo de silicone, como informado pelo delegado. O advogado Romero Ferraz argumenta que a acusação deve provar o uso da substância, mas que a investigação ainda não foi concluída.
“Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia. Ela exercerá o direito de defesa dela”, declarou em nota ao Portal LeoDias.
Sobre a prisão preventiva, a defesa afirmou, em nota, que discorda da decisão. Segundo os advogados, a prisão “se valeu de narrativas falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare”.
O advogado de defesa de Paulo César Dias também rebateu as acusações e afirmou que os procedimentos feitos na clínica de estética do casal seguiam os “mais rigorosos protocolos”. “Jamais foi utilizada qualquer substância proibida em qualquer cliente, muito menos óleo de silicone”, declarou.
De acordo com o delegado, a ordem judicial que determinou a prisão preventiva do casal indicou a gravidade dos casos, envolvendo a realização de procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco. “Os procedimentos eram efetuados de forma indevida e com o uso de substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA, além da comercialização ilegal de medicamentos manipulados e substâncias proibidas pela Anvisa”, reiterou.
Prisão pela segunda vez
Karine Gouveia e Paulo César foram presos preventivamente na última quarta-feira (12), segundo a Polícia Civil. Eles estavam soltos desde o início de fevereiro, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O casal foi preso em razão das acusações de formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina, estelionato e outros crimes relacionados à prática de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica e autorização legal.
Lembre o caso
O casal foi preso pela primeira vez em dezembro de 2024, em uma operação policial que investigava procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos físicos a pacientes. Segundo a Polícia Civil, além dos donos, mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos contra técnicos que atuavam na clínica sem formação adequada.
Na época, a defesa do casal afirmou que a clínica possuía todos os documentos necessários para funcionar e que os procedimentos eram realizados conforme a lei. A polícia, no entanto, contestou essa versão e afirmou que a clínica possuía apenas um alvará para procedimentos minimamente invasivos.
Além da falta de qualificação profissional dos envolvidos, a investigação aponta que os materiais e produtos usados nos procedimentos eram inadequados. Mandados também foram cumpridos em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Os envolvidos tiveram contas bancárias, bens e valores bloqueados. No total, foram apreendidos R$ 2,5 milhões e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
Após decisão publicada no início de fevereiro pela ministra do Superior Tribunal de Justiça Daniela Teixeira, os dois foram soltos. Na decisão, a ministra pontuou que manter o casal preso era “desproporcional” e citou que outros investigados já foram soltos.
A sentença atendeu ao pedido da defesa, que alegou que Karine e Paulo não poderiam mais atrapalhar as investigações e que também são pais de uma criança de 7 anos, que sofreu um acidente grave de carro e precisou passar por cirurgia.